Música boa, comida maravilhosa, muita história e muita originalidade fazem com que New Orleans, no sul dos Estados Unidos, conquiste um lugarzinho especial no coração daqueles que se permitem conhecê-la.
Geralmente fora dos roteiros onde New York, Miami e Orlando predominam, New Orleans tem um charme diferente de todas elas. Fundada pelos Franceses em 1718, passou para o domínio Espanhol em 1763, retornou aos Franceses em 1800 e então foi vendida, se tornando território Americano em 1803. A herança Européia é facilmente notada, principalmente na arquitetura da cidade, uma vez que seus habitantes fazem questão de preservar sua história e cultura ao mesmo tempo que também recebem a modernização.
A cidade é super animada. Eventos e festivais de todos os tipos animam a galera o ano todo. De fato, são aproximadamente 130 festivais durante o ano. Tem festivais de música, como o famoso Festival de Jazz, que reúne artistas aclamados mundialmente e tem os festivais locais, como o Bayoo Boogaloo, onde a galera se reúne na beira de um lago com suas cadeiras, bóias e caiaques.
Nenhuma celebração passa em branco por aqui, mesmo que seja tradicional de outros países, como Oktoberfest (Alemanha), St Patricks (Irlanda) e Cinco de Mayo (México). Um exemplo bem legal é a Corrida dos Touros, que acontece durante a festa de San Firmino, em Pamplona, na Espanha. Pois bem, não parece que esse evento seria algo celebrado por aqui certo? Errado. New Orleans celebra a famosa tourada de um jeito bem peculiar. Os touros são maravilhosamente substituídos por mulheres fantasiadas dos mesmos. Ao invés de correr atrás da galera, elas andam de patins, e no lugar das chifradas, elas usam bastões infláveis de beisebol. É muito divertido! A galera bebe e se diverte durante o trajeto e o melhor de tudo, nada de uso de animais para entretenimento e sem riscos para ninguém.
Quando planejamos viajar para os Estados Unidos, logo pensamos em hambúrguer, pizza, donuts e cachorro quente. Em New Orleans você também tem essas opções, porém a gastronomia da cidade vai muito além disso. Pratos originais da região, temperos e sabores que você não encontra em lugar nenhum. Gumbo, jambalaya, crawfish, po-boy and muffaleta são só algumas das opções que você deve provar. Ah e claro, não podemos esquecer as famosas beignets, uma massa frita coberta com muito açúcar, daquele jeito que é impossível não se sujar. A combinação beignet e café com leite é perfeita, pode acreditar! E para provar essa delícia, você pode ir no Cafe du Monde, que foi aberto em 1862 e funciona 24 horas por dia.

São tantas opções de comidas e bebidas para você experimentar que, obviamente, festivais gastronômicos não faltam. Sério, tem festival pra tudo. Tem o festival do tomate, do frango frito, do crawfish, da ostra, da beignet, do mac and cheese (macarrão com queijo, sério!), do morango, do berbeque (o famoso churrasco americano), do po-boy e tantos outros. E como aqui eles celebram diversas culturas, você também pode provar delicias de outros países em varios eventos que rolam, como o Festival Grego, o Vietnamita, o Japonês, o Caribenho, só para citar alguns.
A vida noturna é agitada. Antes de tudo vale lembrar que em New Orleans, diferente da maioria das outra cidades americanas, você pode beber e carregar sua bebida na rua e a maioria dos bares e boates ficam abertos até tarde, isso quando não são 24 horas. Ou seja, a galera não para. De manhã cedo, quando a gente está tomando um cafezinho, acredite, em New Orleans já tem gente apreciando um drink por aí.

Muitos ja devem ter ouvido falar da Bourbon Street. Essa rua praticamente não dorme. É aquela rua mesmo conhecida pelas mulheres que mostram os peitos para ganhar um colar, o chamado “bead”, popular durante o carnaval. Pessoalmente, eu já vi muito disso acontecer. Mas a Bourbon é mais que isso. São vários bares e restaurantes, um do lado dos outro. A maioria é de graça, o que faz com que a galera vá de um pra outro a noite toda. É bagunça, vale dizer. Se você não gosta de muvuca, talvez a Bourbon não seja pra você, mas com certeza vale a pena visitar pelo menos uma vez. É animado, é colorido, é barulhento, é tumultuado, é sujo, é um pouco de tudo. São bares LGBTQ ao lado de bares country, misturado com bares hispanos, que são de frente com bares de hip-hop, entre eles tem um restaurante, e assim vai. Resumindo, é muvuca mesmo.
Durante o Mardi Gras, o famoso carnaval de New Orleans, a Bourbon Street ferve. A Bourbon e a cidade inteira. A cidade fica viva, mais do que normalmente é. É gente fantasiada andando pra todo lado, são desfiles pra todo lado, é gente pra todo lado. Durante as duas semanas que antecedem o dia do Mardi Gras, vários eventos como bailes de mascara e as famosas “parades” acontecem. Nessas parades, é jogado vários brindes para a platéia. Beads (colares) de todos os tipos e cores, e também copos, ursinhos de pelúcia, doces, e outros objetos pequenos. É muito comum ver a galera se preparando para pegar o máximo possível de tudo que eles jogarem, mas principalmente os colares. O pessoal vai pra casa com sacolas e mais sacolas cheias de beads. Eu sempre fico imaginando o que eles fazem com centenas daquilo em casa. Mas é uma tradição que eles não deixam morrer, e todo mundo, principalmente crianças, se divertem muito.
Mardi Gras é bem diferente do nosso carnaval brasileiro. Em New Orleans, os carros alegóricos são pequenos, sem uso de tecnologia e super efeitos especiais que nem a gente vê na Sapucaí. Os desfiles são de graça. Eu diria que em New Orleans, o carnaval é mais voltado para a família toda. Todo mundo, famílias inteiras com crianças e casais idosos, levam suas cadeiras, comidas e bebidas pro dia inteiro, acham um espacinho ao longo da rota do desfile, e assim curtem o dia. E claro, quando a noite chega e os desfiles acabam, aí a programação se volta para os adultos. A festa rola até de madrugada em vários bares da cidade, com muita musica ao vivo para a galera curtir até de manhã.
Eu cheguei em New Orleans em 2016. Tive a oportunidade de passar aproximadamente 3 anos nessa cidade. Me encantou! Eu já fui pra New York, Boston, Chicago e Miami e admito, acho que eu não trocaria New Orleans por nenhuma delas. New Orleans tem algo que faz você se sentir em casa. Ela é aconchegante, animada, acolhedora. Você anda pelas ruas do French Quarter, o centro a cidade, e você percebe que ela é diferente. As construções, a gastronomia, a arte, a música, tudo é muito vivo. Pelas ruas do centro, em cada esquina tem um artista. Uma pequena banda, um cantor solo com seu violão, outro com violino, e assim vai. Na praça, a famosa Jackson Square, tem palhaço, tem mágico, tem acrobata, tem comediante, tem artistas vendendo sua arte, tem leituras de cartas e gente fazendo tatuagem de henna. Sério, tudo que você possa imaginar, junto e misturado. E o que mais me encanta é que cada um respeita o espaço do próximo.

Não posso deixar de mencionar que New Orleans é o berço do Jazz. E o jazz ainda hoje é muito forte, faz parte da identidade da cidade. Você corre o risco de entrar em qualquer porta, de qualquer barzinho local, e dá de cara com uma banda de jazz da melhor qualidade.
A cidade não é perfeita. Longe disso. Pobreza e violência fazem parte da rotina. A cidade que foi devastada pelo furacão Katrina em 2005 ainda sofre as consequências. Infraestutura e serviços públicos como educação e saúde estão longe de estar entre aos melhores do país. E mesmo assim, enquanto o povo lida com essas complicações, sempre arranja um espacinho para o bom humor e a generosidade. O povo se ajuda. O povo faz questão de apoiar o que é local. O que é deles.
Eu poderia escrever parágrafos e mais parágrafos sobre essa cidade. Mas acho que palavras não serão suficientes pra expressar a peculiaridade desse lugar. Tem que visitar. Tem que ver. Tem que provar. Gostaria que todo mundo que viesse, viesse com a mente aberta. Mente aberta para perceber que tudo que a cidade tem de bom, supera o que tem de ruim. Mente aberta para ver que a cidade luta contra imprevistos diariamente, porém nunca perde o bom humor e a ironia. É uma cidade que te ensina. Ensina generosidade, respeito e trabalho, muito trabalho. Te ensina que, por mais que a gente rale todo dia, no final tem espaço para sorrisos, brincadeiras e gratidão. Eu sou grata por essa cidade, por tudo que vivi aqui, pelos que conheci e pelo que aprendi. Acima de tudo, New Orleans ensina que nada é perfeito, nunca será. Mas com muito trabalho, determinação e vontade de ajudar ao próximo, no final tudo vale a pena.
Great post 🙂
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